
O cruzeiro localizado no adro da igreja é provavelmente o mais antigo da freguesia. Seria interessante decifrar a quase ilegível inscrição memorativa na sua base.
A antiga prática religiosa de realizar os enterros nas igrejas e nos respetivos adros sagrados com um cruzeiro, foi proibida devido às leis de saúde pública implementadas na década de 1840. Essas leis impuseram que os mortos passassem a ser sepultados em cemitérios construídos em campo aberto, afastados das áreas urbanas. Tais medidas geraram grande descontentamento popular, dando origem em 1846 à Revolta da Maria da Fonte, ou Revolta do Minho, que se propagou a todo o país.
Há vários cruzeiros na freguesia, sendo alguns designados por Alminhas dedicados ao culto e sufrágio das almas.
Um cruzeiro é uma grande cruz, geralmente em pedra, erguida em espaços abertos, nos adros das igrejas, cemitérios, praças, encruzilhadas, caminhos rurais e lugares altos. Os cruzeiros são uma marca cristã que tem como objetivo sagrar locais (adros e cemitérios), converter locais considerados malévolos e também para marcar eventos como batalhas, tragédias e mortes.
Antigamente, a maioria das pessoas locomoviam-se a pé e quando passavam próximo de um cruzeiro costumavam fazer uma oração ou simplesmente benzerem-se. Tal como o badalar das Avé-Marias, os cruzeiros são um convite à reflexão espiritual.
A cruz é um símbolo originário de culturas antigas, que ao longo do tempo adquiriu vários significados, nomeadamente como símbolo de boa sorte, escudo contra o mal ou associado ao número quatro que representa: os pontos cardeais (norte, sul, este e oeste); os elementos da natureza (água, terra, fogo e ar); as estações do ano (primavera, verão, outono e inverno); e as fases da lua (nova, crescente, cheia e minguante).
Na antiguidade a cruz foi utilizada por muitas civilizações como instrumento de tortura e como sentença de morte para os transgressores. Depois que Jesus foi crucificado e ressuscitou, passou a representar para os cristãos a vitória da vida eterna sobre a morte. Com a conversão do imperador romano Constantino no ano 312, tornou-se o principal símbolo da fé cristã.
Fonte de informação: – VIEIRA, Leonel – In Seminário: «Cruzeiros de Lousada», Universidade Portucalense, 2004)
Coordenadas GPS: 40°02’40.3″N 7°30’33.0″W